domingo, julho 17, 2011

A dor do parto...

Finalmente consigo sentar para o meu tão suado primeiro post! Peço desculpas pela demora, e afirmo que não foi desleixo ou falta de interesse, foi tão só e unicamente falta de oportunidade.
Pensei em tanta coisa que gostaria de escrever, tanta informação, e fiquei me perguntando se deveríamos seguir uma ordem cronológica... talvez sim, mas a ocasião faz o ladrão, e nesta ocasião, mais uma lindeza de criança está vindo ao mundo... a filha de uma querida amiga nasceu na sexta-feira a tarde, e isso me deu uma vontade enorme de escrever sobre esse momento tão especial e divisor na vida de uma mãe.

Hoje em dia, o índice de cesarianas no Brasil é altíssimo, muito mais do que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda, três vezes maior. O recomendado é que 15% dos partos sejam cesarianas, recomendadas somente quando há (reais) complicações, no entanto cerca de 47% dos brasileiros vem ao mundo dessa forma, 80% na rede de hospitais particulares.
Ainda não consegui entender muito bem o porque de tanta indicação de cesarianas pelos médicos, já que a OMS vem comprovando por várias pesquisas que os nascimentos naturais, espontâneos, com soluções não farmacológicas para o alívio da dor; beneficiam a saúde da mãe e do bebê, diminuem o índice de nascidos prematuros, diminui o risco de problemas fisiológicos e emocionais no pós-parto. Mas o que mais me incomoda é a falta de informação que ainda existe hoje em dia pela parte das parturientes, e muitas vezes conscientes e confortáveis com isso.

Quando descobri que estava grávida, a primeira sensação que tive, - dentro de um banheiro de um shopping - foi a de estar em alguns "loopings" em ação. Minha cabeça girou umas milhares de vezes e eu queria vomitar como a Regan Macnail (a menina do filme "Exorcista"). Senti um medo que nunca havia sentido em toda a minha vida, eu sempre tive medo de engravidar, não de ter um filho, mas de engravidar. Sempre me assustou a ideia de ter minha barriga aberta pra sair uma criança. Porque sempre foi essa a ideia de nascimento que tive... eu e minha irmã nascemos de cesarianas (eletivas!), então aprendi que eram assim que os bebês nasciam "normalmente". E isso me causava pânico! Sempre fui medrosa, choro com agulhas até hoje.
Bom, depois de outro teste de farmácia, - porque um só não era o suficiente pra eu acreditar que aquilo estava acontecendo - contar pro Leonardo (meu marido), que me esperava no corredor do shopping, meio que anestesiada e sem emoções o resultado positivo de novo, e logo em seguida uma ligação aos prantos para meu médico, eu decidi descobrir o que é ter um filho dentro no seu ventre, e como é que ele poderia sair dali. Nessa minha pesquisa de iniciante descobri coisas lindas, como o parto natural, o nascimento humanizado, o empoderamento da mulher no seu parto, e principalmente que a cesariana é sim uma opção segura, caso HAJA NECESSIDADE.

Infeliz ou felizmente, o Bernardo nasceu de uma cesárea. Depois de 39 semanas de yoga, exercícios para o períneo, encontros de gestantes, muito estudo sobre humanização no nascimento e um desejo imenso de ter um parto natural, entrei em trabalho de parto, e depois de algumas (17) doloridas horas sem evoluir em nada a dilatação, decidi aceitar a proposta do médico de fazermos uma cesárea. Ainda não consegui concluir se isso foi bom ou ruim, porém consegui concluir que tentei o máximo que eu pude. Não sei se hoje eu teria persistido mais, mas naquele momento eu fui até onde meu corpo permitiu, e era esse meu desejo maior, ouvir meu corpo falar.

A cesariana eletiva tem sido cada vez mais a opção de futuras mães sob a falsa visão de não sentir dor. Cesariana não é parto, é cirurgia. E como toda cirurgia, o pós, é bastante dolorido, com o adendo de termos um bebê para cuidar, dar banho, carregar, e etc. Existem inúmeras "desculpas" dadas pelos médicos para que "escolhamos" uma cesariana. - O Brasil é o único lugar no mundo, onde a mulher pode escolher o tipo de parto que deseja, independente da indicação clínica. - O parto normal, falando racionalmente, sem contar o sentimento de transformação que acontece, é um procedimento com menor complexidade e muito menor risco de infecção, melhor e mais rápida recuperação da mulher, e redução do desconforto respiratório do bebê devido as contrações e a passagem pelo canal de parto. Sem entrar em tantos detalhes...
Quer dizer que só é mãe quem tem filho de parto normal?
Meu filho nasceu de uma cesárea e eu me sinto muito mais mãe que muita mulher por aí, só acho que devemos sempre procurar pelo o máximo de informações possíveis, como em tudo na vida. Ouvir nosso corpo, deixar a natureza agir - ela é mais sábia do que imaginamos! Pensar mais nos benefícios e não nos malefícios. E principalmente não aceitar que decidam por nós.

Esse assunto dá muita conversa. É só dar um google pra confirmar. Com toda certeza ainda falarei mais sobre isso. =)

Bom finzinho de domingo.
Ótimo começo de semana.